Comunicação do toque - háptica

1. Linguagem verbal x não verbal

     A linguagem é uma capacidade humana complexa e multifacetada. Ela nos permite interagir, comunicar, classificar, categorizar, enfim, uma infinidade de coisas que nos diferenciam dos outros animais. Ela pode se representar verbalmente (por intermédio de palavras faladas ou escritas) ou não verbalmente (através de imagens, gestos, sons, toques, etc).

2. Comunicação pelo toque/háptica

      A comunicação pelo toque, chamada de háptica, é uma forma de linguagem não verbal. Sobre essa forma de comunicação, Ferreira e Callado 2013 sublinham que:

O toque é um gesto que faz parte do cotidiano, sendo muitas mensagens transmitidas por intermédio dele, podendo por isso, ser considerado um meio facilitador ou complicador da comunicação e da criação de vínculos. É, também, uma necessidade básica do ser humano e precisa ser satisfeita para que o organismo sobreviva, sendo considerada uma das suas sensações mais primitivas (Ferreira e Callado, 2013, p. 113).

    Nessa linha, fica evidente a importância da linguagem do toque no nosso dia a dia para nossa comunicação e interação com os outros, até mesmo para a nossa sobrevivência e qualidade de vida. Por isso, é importante conhecermos mais sobre essa forma de linguagem para fazer um uso melhor e mais consciente dela.

      Sobre a importância da comunicação pelo toque, Ferreira e Callado 2013 acrescentam que ela "[...] possui um efeito direto sobre as capacidades de percepção e cognição e pode influenciar parâmetros fisiológicos como a respiração e o fluxo sanguíneo" (p. 113). Assim, ela não afeta somente o mental ou psicológico, mas também os aspectos fisiológicos dos seres humanos.

2.1 As mensagens do toque

   Na abordagem de Ferreira e Callado 2013, o toque pode ser interpretado de diferentes maneiras a partir de variados critérios. Os autores organizaram os critérios da seguinte forma:

Duração: é o tempo no qual ocorre o episódio do toque.

Localização: refere-se às áreas e partes do corpo tocadas. Ela transmite mensagens referentes a partes específicas do corpo e à integração destas partes no todo.

Frequência: (não é descrita pelos autores).

Ação: refere-se à velocidade de aproximação de uma superfície do corpo e à energia usada no início do toque. A ação de rápida aproximação do contato aumenta a autopercepção da pessoa que está sendo tocada.

Intensidade: consiste na pressão usada sobre a superfície do corpo durante o toque. A intensidade é medida pelo grau de entrada na pele.

Sensação: é a interpretação do toque pelo corpo como agradável ou doloroso.

(Ferreira e Callado, 2013, p. 114).

      Infere-se que o toque não só pode produzir as mais variadas mensagens a depender desses critérios diretamente relacionados a ele, mas também tem as suas mensagens/sentidos afetados pelos sujeitos participantes, pelo grau de intimidade entre eles, além dos aspectos culturais, históricos e ideológicos dos quais esses sujeitos fazem parte. Dessa forma, a partir desses diferentes fatores, essa forma de linguagem pode significar amor, ódio, alegria, tristeza, prazer, dor, carinho, ofensa, dentre várias outras coisas.

2. 2 Exemplos

      Um abraço, por exemplo, é um toque, um contato físico entre duas pessoas no qual pode estar os sentimentos de acolhimento, apreço entre esses indivíduos. Um tapa, por outro lado, pode representar ódio, discordância entre duas pessoas.

                                                                         Figura I - imagem de um abraço:

Fonte: site "Pesca Gerais: pesca esportiva". link: Sonhar com Abraço: É bom ou ruim? Quais os significados?. 

Figura II - imagem de um tapa:

                                                Fonte: site "Revista Cult". Link: Tapa na cara! - Revista Cult. 

2.3 Aplicações

       O estudo do toque pode ajudar nas práticas dos profissionais de enfermagem e dos pais no contato físico com os recém nascidos. Pois, conforme o artigo de Ferreira e Callado 2013, o contato físico realizado de forma humanizada e profissional com os bebês pode trazer benefícios fisiológicos e afetivos para os recém nascidos. Também, de acordo Azevedo e Roque 2025, a Comunicação Social Háptica (CSH) é utilizada no acompanhamento de pessoas com surdocegueira.

2.3 Veja os posts de meus colegas sobre outros tipos de comunicação não verbal:

Anderson Alves - https://multiletramentosemfoco.blogspot.com/  

Andreza Alcântara - https://maosqueletram.blogspot.com/ 

Elis Rebeca - https://elisrebecademcunha.blogspot.com/

Flaviane Carvalho - https://flavianecarvalho32.blogspot.com/

Ludmilla da Silva - https://multiletrasppgl.blogspot.com/

Maria Carolina - https://mcarolzinhaorb.blogspot.com/

Mariana Oliveira - https://reflexoesemmultimodalidadeletramentos.blogspot.com/

Raimundo Nonato - https://entretextoseimagens.blogspot.com/?m=1 

Ramon Cristian - https://conectandosaberes2025.blogspot.com/

Verania Keline - https://veranialeonidas.blogspot.com/

Priscila Mendes - https://multimodalvoices.blogspot.com/

Referências

Francisco Romão, FERREIRA; Lucia Martins, CALLADO. O afeto do toque: os benefícios fisiológicos desencadeados nos recém nascidos. v. 2 n. 2 (2013): Revista de Medicina e saúde de Brasília. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rmsbr/issue/view/260. Acesso em: 15 abr. 2025.

Navega Roque, J. P., & Barroso de Azevedo, A. (2025). Comunicação intercultural cinestésica: comunicação social háptica e a inclusão. Comunicações, 31(31), 252–277. Disponível em: https://doi.org/10.15599/2238-121X/comunicacoes.v31n31p252-277. Acesso em: 15 abr. 2025.