As cores e os seus significados
OS SIGNIFICADOS DAS CORES
Nesta postagem resenho um artigo de Hui-Chih Yu (2014), intitulado "Uma análise transcultural de significados simbólicos de cor", cujo objetivo principal é ampliar o conhecimento em inglês sobre as cores para ativar o interesse dos estudantes em aprender inglês através de palavras relacionadas à cores. Nesta resenha, focarei a abordagem que o autor faz da cognição humana das cores, da origem das cores primárias e dos significados das cores em diferentes culturas.
A cognição humana das cores
Ao abordar o modo como a mente humana cria as cores, o autor informa que na perspectiva da ciência física, não existem cores reais na natureza, "apenas os vários comprimentos de onda compõem a luz, que é absorvida e refletida por todos os objetos ao nosso redor" (p. 53). Yu explica que a cor surge no nosso cérebro a partir da luz que atinge o nosso olho e vai até ele. Assim, a cor seria uma interpretação dada pela mente humana as vibrações que acontecem a nossa volta. A partir daí fazemos associações entre as cores e os outros elementos no mundo.
As cores primárias e o simbolismo cultural
Para o autor, as cores: vermelho, amarelo, azul/verde, branco e preto, são primárias e podem produzir outras cores se misturadas. Elas têm significados diversos em diferentes épocas, lugares e culturas. Os sentidos atribuídos às essas cores tem suas conotações positivas e negativas a partir de três fatores.
O primeiro deles é a força de uma cultura. Por exemplo, a hegemonia da cultura ocidental no século XX fez com que, a partir de um acontecimento histórico, o vestido vermelho fosse substituído pelo branco nas cerimônias de casamento.
O segundo é um grande evento histórico em um país poderoso que fez com que a cor vermelha representasse o sangue, a paixão e a revolução. "Até agora, os comunistas ainda enfatizam o vermelho" (p. 58).
Em terceiro lugar, um país com grande influência pode manter o sentido positivo de uma cor. Para exemplificar, a cor preta significa retidão ou dignidade na China.
Conforme o autor, a palavra "vermelho" tem origem no proto-indo-europeu reudh- e também no sânscrito. Normalmente, na história, essa cor é associada ao sangue e ao fogo e "é considerada universalmente o símbolo básico do princípio vital" (p. 58). Em seu sentido negativo, o vermelho é relacionado à advertência, à guerra, à destruição, ao sexo, ao pecado e ao assassinato.
O "amarelo" lembra limões maduros ou girassóis. Ele está associado ao sol e aos seus poderes geradores de vida. "O sol amarelo era adorado como deus em muitas culturas" (p. 60). Na China essa cor era associada ao centro do universo, era a cor sagrada do imperador. Em seu sentido negativo, a cor amarela anuncia a velhice e a aproximação da morte.
O "verde" é empregado para representar plantas e oceanos, além de minerais com essa cor. Há também animais com essa coloração, como sapos, lagartos, insetos e pássaros. Como conotação positiva, o verde representa a vida vegetal, os despertares, os novos começos e o crescimento. Em conotação negativa, o verde pode representar perigo e morte, além de poderes sobre-humanos.
O "azul", muitas vezes relacionado ao verde, "evoca espaços amplos e abertos e está ligado ao infinito e ao vazio primordial. O azul do céu tem sido associado ao princípio masculino, à distância e aos deuses" (P. 63). Em seu aspecto negativo, o azul, na China, com frequência era visto como a cor da raiva, do machucado e da depressão.
O "branco" é a cor suprema da luz e "simboliza a verdade, a pureza, a inocência, o sagrado e o divino. Em muitas culturas, as vestes brancas são vestimentas sacerdotais, associadas simbolicamente à pureza e à verdade" (p. 64). Em seu sentido negativo, o branco é relacionado "à palidez, à falta de sangue, à falta de vigor e à morte" (p. 65).
Os sentidos positivos do "preto" são, no Egito, pela negritude da terra e das nuvens de chuva, a escuridão maternal da germinação, a cor do renascimento e da ressureição. No grego, era a cor do tempo. Em seus aspectos negativos, o preto pode representar o medo e o desconhecido, a morte e o luto.
O significado das cores em diferentes culturas
Tratando das semelhanças encontradas entre os significados simbólicos das cores em diferentes culturas, Yu aponta o intercambio cultural como um elemento motivador. O autor também cita uma definição de Jung (1964) para o termo "símbolos", que o definiu como "termos, nomes ou mesmo imagens que podem ser familiares na vida cotidiana, mas que possuem conotações específicas, além de suas convenções e significados óbvios. Elas implicam algo vago, oculto e desconhecido para nós" (p. 54). O autor se apoia em afirmações de Jung e de Fontana (1994) para justificar certa semelhança ou universalidade do simbolismo em diferentes culturas.
Contudo, Yu também apresenta um contra argumento para essa linha de raciocínio. O pesquisador pontua que "os usos e significados das cores nunca foram totalmente consistentes entre as fronteiras culturais" (p. 54). Ele lembra que as cores podem ter diferentes significados simbólicos. Para corroborar com esse argumento, Yu menciona alguns exemplos. "O amarelo, no norte da Europa, conota "engano" e 'covardia', enquanto na China é a cor imperial; na tradição budista, o amarelo representa 'humildade' e 'renúncia'; mas na civilização maia era associada ao Ocidente" (54).
Para justificar essas diferenças, Yu destaca as limitações da criatividade da mente humana (no que se refere aos arquetípicos), os estímulos adicionais do ambiente natural (no nível cultural) e o domínio da elite cultural. Todos esses fatores influenciam o simbolismo e o diversificam.
A compreensão de como e por que as cores comunicam significado
Para finalizar seu artigo, Hui-Chih Yu (2014) explica que "as cores vêm da luz, enquanto o sol é a mãe da luz. Sem luz, nenhuma cor aparece. Sob o sol, as cores não apenas embelezam a natureza, mas também a vida humana [...]" (p. 69). As cores estão intimamente ligadas a nossa visão e interpretação do mundo. As cores apresentam semelhanças e diferenças em suas conotações positivas e negativas em diferentes culturas ao longo do tempo. "Sem comunicação intercultural, o que pode ser um significado positivo de uma cor para uma cultura pode significar algo negativo ou totalmente diferente para outra" (p. 70). A tradição simbólica, a influencia de uma nação poderosa ou um grande evento histórico, podem modificar a interpretação que se tem de uma cor.
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