Metáfora pictórica e multimodal na perspectiva de Forceville (2016)

INTRODUÇÃO

    Nesta postagem resenho um capítulo escrito por Charles Forceville (2015), um texto que foi programado para ser publicado em 2016. Nele, o autor aborda principalmente "as questões que merecem atenção na investigação da metáfora pictórica (ou visual) e da metáfora multimodal envolvendo recursos visuais" (p. 1).

     Na estrutura do capítulo, Forceville realiza uma introdução do tema apontando os principais conceitos que foram abordados no texto. Em seguida, ele resume o contexto da pesquisa na área, depois discute os métodos de análise. Por fim, o autor realiza uma análise crítica dos exemplos, das noções estudadas e fecha o texto com conclusões e perspectivas.

PRINCIPAIS NOÇÕES E EXEMPLOS DISCUTIDOS NO TEXTO

    O estudo das metáforas é apresentado como algo antigo, algo que tem origem desde os filósofos clássicos, como não deixa de ser em muitas ciências contemporâneas. Em seu texto, o autor parte do percurso histórico da área e aponta que "nas últimas décadas, a metáfora passou a ser vista como um tropo que governa o pensamento, não apenas a linguagem. Uma consequência da aceitação dessa visão é que suas manifestações devem ser examinadas em modos semióticos que não apenas a linguagem" (p. 1). Assim, o estudo das metáforas e da linguagem passa a relacioná-las com outras áreas da cognição humana.

      No percurso traçado por Forceville, muitas noções de diferentes teóricos para o vocábulo "metáfora" são apresentadas e discutidas. Conforme o autor, Lakoff e Johnson definem metáfora como “compreender e vivenciar um tipo de coisa em termos de outra” (Lakoff e Johnson, 1980, p. 5). Nessa linha, as metáforas relacionam coisas distintas para que as características de uma delas sejam realçadas de algum modo. Continuando os esclarecimentos sobre esse conceito, o autor do capítulo sublinha que "Uma metáfora impõe uma relação de identidade entre duas 'coisas' que são convencionalmente (ou em um determinado contexto) consideradas como pertencentes a categorias diferentes" (p. 3). Dessas práticas metafóricas resultam, por exemplo, na modalidade verbal, enunciados como este: 

Exemplo 1: "O homem é um lobo".

     O conteúdo deste enunciado, se considerado literalmente, não é verdadeiro. Porém, se considerado no sentido figurado, o metafórico, ele faz sentido ao relacionar as caraterísticas do lobo (animal selvagem, perigoso, que caça e devora outros) ao homem.

     Ao longo do texto, Forceville prossegue apresentado, discutindo e exemplificando diferentes tipos de metáforas. Abaixo, segue mais um exemplo analisado por ele:

Exemplo 2:

     A imagem acima é uma representante de uma metáfora contextual monomodal (pictórica). Esses termos são definidos pelo autor como o princípio de que "um objeto visualmente representado se torna alvo de uma metáfora ao ser retratado em um contexto visual de tal forma que o objeto é apresentado como se fosse outra coisa – a fonte" (p. 6). Dessa forma, o objeto visível é localizado em um contexto visual de modo que seu sentido é afetado metaforicamente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Concluo esta resenha do capítulo de Forceville fazendo algumas reflexões sobre as impressões que tive a partir da leitura do texto. A partir das noções, das reflexões e dos exemplos apontados pelo autor, acredito que o estudo das metáforas nas suas diferentes nuances pode ser muito produtivo para os estudos linguísticos. Isto, pois esses trabalhos podem ampliar a nossa compreensão a respeito da linguagem, dos seus sentidos e dos seus impactos na vida humana. Também podem produzir conhecimentos a respeito das relações entre a linguagem e os outros campos da cognição humana.

Referências

 Forceville, Charles (século IV). “Metáfora pictórica e multimodal”. Em: Nina Maria Klug e Hartmut Stöckl, editores,Manual de linguagem em contexto multimodal[Manual de Linguagem em Contextos Multimodais]. Série Conhecimento Linguístico. Berlim: Mouton de Gruyte

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