A teoria da recepção de Stuart Hall

RESUMO DA TEORIA DA RECEPÇÃO DE STUART HALL

     O teórico cultural Stuart Hall nasceu em 1932 em Kingston, Jamaica. Nos primeiros trinta anos de vida do pesquisador, a Jamaica ainda estava sob o domínio da Grã-Bretanha. O ambiente social no qual o autor viveu influenciou as suas produções. Ele publicou diversos textos sobre a interação entre as pessoas e delas com a mídia. "Seus escritos se concentraram principalmente nas ideias de preconceito racial, mídia e teorias sociais e culturais. Ele também dedicou bastante tempo escrevendo sobre hegemonia" (p. 1).

Imagem de Stuart Hall:



Fonte: International Busenes Times, Stuart Hall morre aos 82 anos: quem foi o padrinho do multiculturalismo? | IBTimes Reino Unido

    O teórico fez uma nova abordagem da teoria da recepção de Hans-Robert Jauss. Sua teoria ficou conhecida como "Teoria da Codificação e Decodificação de Hall". Hall criticou a simplificação das interações linguísticas implicada na teoria de Jauss. Na perspectiva deste, "uma mensagem seria criada e enviada, e o público aceitaria e compreenderia a mídia ou o texto quando um grupo de leitores compartilhasse uma formação cultural semelhante à do autor (Nightingale, 2011)" (p. 1). Hall aponta problemas nessa abordagem, pois se o público não tivesse nada em comum com o autor, as interpretações (decodificações) dos interlocutores seriam distintas das esperadas, porque as vivências pessoais e as diferenças culturais distintas de individuo para indivíduo poderiam ser completamente diferentes da codificação pretendida pelo autor.

    Ao reformular as perspectivas de Jauss e de Umberto Eco, Hall, "em seu artigo, 'Codificação e Decodificação no Discurso Televisivo', [...] tentou estabelecer a relação entre o emissor e o receptor e afirmou que há uma série de etapas que desempenham um papel importante no envio e recebimento de uma mensagem" (p. 2). Em sua abordagem, ele afirmou que a a mídia e a linguagem são tentativas de representação do real que não o representam tal como ele é. A audiência assume papel fundamental no sucesso de uma transmissão televisiva, por exemplo. Assim, para Hall, "era possível ao público alterar o significado de uma mensagem para se adequar ao contexto social. Como resultado, Hall incluiu dois processos: codificação e decodificação, e afirmou que a mensagem codificada pelo autor não é necessariamente a mensagem que será decodificada pelo público" (p. 2).

     A codificação é o modo como a mensagem é enviada para que o destinatário possa interpretá-la. Para isso, o remetente e o destinatário precisam compartilhar regras da linguagem na qual a mensagem é produzida e é necessário que o remetente leve em conta o público e a sua possível interpretação da mensagem. Para Hall, o significado do texto não é fixo e ocorre no processo de execução da mensagem, que é marcada pelas ideologias do remetente. Ao receber a mensagem, o destinatário pode distorcer o sentido pretendido pelo outro, pois, agora, as suas ideologias estão presentes e podem ser dominantes, negociadas ou opositivas.

     A decodificação de um texto é a eficiência com que um destinatário consegue receber e compreender uma mensagem verbal com imagens, sons, mídia, emoções ou linguagem corporal. "Por exemplo, se alguém fala mais alto, fica com rosto vermelho, grita e gesticula mais com as mãos, pode-se inferir que talvez esteja com raiva" (p. 2).

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